O sapo que congela no inverno e volta à vida na primavera
Na vastidão gelada do Alasca, um pequeno anfíbio protagoniza um dos fenômenos mais surpreendentes da natureza: o sapo-da-madeira (Rana sylvatica) é capaz de congelar completamente durante o inverno e, ainda assim, reviver quando as temperaturas sobem

Essa espécie desenvolveu uma estratégia única de sobrevivência. Quando o frio se intensifica e o solo congela, o corpo do sapo passa por uma espécie de hibernação extrema. O processo inclui a paralisação total do coração e da respiração, com a formação de cristais de gelo entre os tecidos corporais. Em muitos casos, até 70% da água do corpo se transforma em gelo.
Ao contrário do que acontece com a maioria dos organismos, esse congelamento não causa danos letais. Isso se deve à produção de substâncias crioprotetoras, como glicose e uréia, que atuam dentro das células impedindo a formação de cristais de gelo que poderiam destruí-las. O fígado do sapo converte rapidamente o glicogênio armazenado em glicose, que se distribui pela corrente sanguínea, aumentando a tolerância ao congelamento.
Pesquisas mostram que os sapos-da-madeira do Alasca conseguem suportar temperaturas de até –16 °C por vários meses. Durante esse período, eles permanecem imóveis, sob a neve ou enterrados em folhas secas, em um estado que se assemelha a uma animação suspensa.
Com a chegada da primavera, o gelo começa a derreter, e o organismo do sapo volta gradualmente à atividade. O coração retoma os batimentos, a respiração recomeça, e em poucas horas o animal retorna à vida, aparentemente sem sequelas.
Esse mecanismo de sobrevivência é objeto de estudos científicos por seu potencial de aplicação em áreas como criopreservação de órgãos e tecidos humanos, além de oferecer pistas sobre os limites biológicos da vida.
O sapo-da-madeira é encontrado em várias regiões da América do Norte, mas as populações do Alasca são as que apresentam a maior tolerância ao congelamento. A espécie é considerada um exemplo extremo da resiliência animal e continua a intrigar cientistas e biólogos ao redor do mundo.
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