Serginho Groisman e Manoel Soares lotam a tenda principal no segundo dia da Araruama Literária
Encontro emocionante contou com reflexões sobre a educação, conhecimento, cultura e o poder da literatura

A Araruama Literária recebeu, neste sábado (24), um bate-papo memorável entre o apresentador e jornalista, Serginho Groisman, e o jornalista, escritor e ativista social, Manoel Soares, que emocionaram o público com reflexões profundas sobre o poder da leitura, da educação e da cultura como instrumentos de transformação social.
Ao ser questionado por Manoel Soares sobre sua relação com a literatura e o protagonismo que o apresentador e jornalista sempre deu à juventude, Serginho Groisman relembrou suas origens, destacando que teve a felicidade de estudar em um colégio onde havia apresentações de teatro e exibição de filmes. O apresentador confessou que, no início, ele teve dificuldades com a literatura.
“Na minha época, a gente era obrigado a ler os grandes mestres da literatura. Então, a gente era obrigado a ler clássicos, como Graciliano Ramos. Até que uma professora nos fez ler um livro do Fernando Pessoa. A forma como ela nos apresentou a obra do autor, foi ali que surgiu o verdadeiro prazer pela leitura. É importante que cada um busque o prazer pela leitura. O que faz a diferença é a curiosidade”, afirmou Serginho.
Anos depois, ele conta que quando trabalhou com educação, desenvolveu um método diferente na faculdade onde foi diretor, no qual o aluno tinha um protagonismo, e o professor também era avaliado. “Não havia chamada oral, o aluno era quem decidia se deveria passar ou não, a partir do seu próprio compromisso com o aprendizado”, relembrou, arrancando risadas na plateia, quando disse que, no entanto, não conseguiu ampliar o método inovador para todo o sistema.
Mas, sem dúvida, sua trajetória passando por jornal impresso, rádio até chegar na televisão, teve destaque no bate-papo. “Eu era jornalista de imprensa escrita, depois comecei no rádio. Foi o Fernando Meirelles – diretor de filmes como Cidade de Deus, O Jardinheiro Fiel, e Ensaio sobre a Cegueira -, quem sugeriu que eu deveria ir para a televisão. E eu comecei na TV Cultura, depois passei pelo SBT, até chegar na Globo. Foi na TV Cultura que surgiu o desafio de democratizar um programa. Assim nasceram o Programa Livre e, posteriormente, o Altas Horas”, contou.
Com bom humor e provocação, Manoel brincou ao apresentar uma “tecnologia revolucionária para o ano de 2070, que funciona sem bateria, sem internet, sem código, é só abrir e ler”, destacou, mostrando um exemplar de um livro, arrancando risos e reflexões do público. Manoel arrancou aplausos do público presente ao declamar de uma forma coloquial uma história que, na verdade tratava-se de uma música de Cartola. Em seguida, fez o mesmo com uma música de Mano Brown. Ao final, ele ressaltou o poder da poesia atravessando gerações, e brincou: “A poesia é o caminho mais rápido para a felicidade do corpo”.
Serginho concordou, destacando que, apesar da tecnologia, nenhuma inovação supera o conhecimento, o respeito e os valores que passam de geração em geração.
“Nada vai impedir que você cresça e leia através do computador ou do tablet. Mas nós não devemos correr atrás da tecnologia para nos igualarmos aos nossos filhos. O que temos que passar são valores, ética e respeito. Nós temos diversas oportunidades de crescimento interno, a leitura, a música, o cinema. E a leitura é fundamental, assim como o ao vivo. Nada é melhor do que ao vivo, por isso que vocês estão aqui” ressaltou, recebendo aplausos.
O encontro também trouxe reflexões sobre paternidade, empatia e solidariedade. Serginho citou seu filho Thomas, de 10 anos de idade, “professor desde sempre”, e compartilhou sua visão sobre espiritualidade e as lições herdadas do pai. Lembrou, inclusive, a frase do rapper Marcelo D2:
“Eu me desenvolvo e evoluo como meu filho, e me desenvolvo e evoluo como meu pai.” Ao final, ele concluiu: “Foi um prazer estar aqui com vocês. A minha maior conquista é conhecer gente.”
Já Manoel interagiu com a plateia, falou sobre sua infância sem a presença paterna. “Meu pai perdeu a vida por causa do crime, por causa de escolhas erradas. Por isso, hoje, busco ser o melhor pai para os meus filhos, eu busco ser o pai que eu gostaria de ter tido”.
O momento de partilha e reflexão terminou sob aplausos, reafirmando que a educação, a cultura e a literatura são, de fato, ferramentas poderosas para transformar vidas.
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